Raio X de Visconde de Mauá

Texto de Juliana Ayres

  Ontem em Resende, enquanto eu aguardava durante longas três horas ser atendida,pelo médico ortopedista, usei o tempo para reflexões pessoais sobre a turbulenta mudança que Visconde de Mauá atravessa.

Estou com um problema delicado de coluna, que há cerca de dois meses vem me privando de uma série de atividades, causando dor e me obrigando a diminuir drasticamente o fluxo de trabalho, a alterar hábitos comportamentais e de alimentação. Refletindo sobre este problema pessoal que tem me levado a peregrinar entre especialistas, acupunturistas, fisioterapeutas, exames clínicos, etc, etc... Surgiu uma analogia em minha mente, clara como o dia, a respeito da relação entre o meu problema e a nossa Estrada ( Parque), as revitalizações das Vilas e demais obras.

  Estamos lidando com a ESPINHA DORSAL de VISCONDE DE MAUÁ, com a coluna vertebral deste vale tão bem desenhado; uma obra perfeita .O assunto é muito delicado! Todas as formas de conhecimento e especialidades são bem-vindas; tem que ser bem-vindas, o assunto é muito sério, é coluna! É preciso muita sensibilidade, sabedoria e prática para lidar com a coluna vertebral, qualquer falha pode ser irreversível! Ela é a viga mestre que estrutura todas as nossas ações na vida.E assim como minha coluna vertebral é meu pilar, a estrada é o pilar de Visconde de Mauá. E a revitalização das Vilas trabalha com vértebras essenciais, não se esqueçam que por ali correm todos os nervos.

  Extremamente desapontada e triste com o mar de discórdia que se instaurou entre os moradores de Mauá (principalmente os mais ativos), sinto que todos estão ignorando a ENERGIA SUTIL E PODEROSA que se forma além das desavenças, troca de ofensas, fofocas, intrigas,

intolerâncias e atitudes extremistas. Essa energia poderosa, além de influenciar física e psicologicamente a todos nós, influi diretamente nessa Terra Mauá, Gaia, ser vivo em que habitamos. Isso não é conversa de maluco-beleza não, já experimentaram um galho de arruda atrás da orelha quando as coisas não vão bem? Como se sentem fisicamente e emocionalmente depois de uma reunião em que as pessoas se exaltam ou se enfrentam ferozmente?

Eu, pessoalmente ,chego a perder o apetite, fico com dor de cabeça (e na coluna!), mau humor e até insônia. O tesão, as vezes, também acaba; sejamos francos.

Acima de nossas preferências de amizade e núcleos sociais, ideológicos ou políticos, bem acima, está o bem-estar de Visconde de Mauá, nossa Nau.

Quando se trata de espinha dorsal todo o cuidado é pouco, todas as opiniões e especialidades devem ser respeitadas e levadas em conta, mesmo que divirjam.

Inclusive,Cidadania é isso. Aliás, cidadania é muito mais do que isso: "É DIREITO DO SER HUMANO GOZAR DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS DE UM ESTADO, OU NO DESEMPENHO DE SEUS DEVERES PARA COM ESTE. É DIREITO DA PESSOA PARTICIPAR DAS DECISÕES NOS DESTINOS DA CIDADE ATRAVÉS DA 'EKKLESIA' (ASSEMBLÉIA POPULAR) E NA 'ÁGORA' (PRAÇA PÚBLICA)."

Este direito não está sendo levado a sério aqui na montanha e TODOS NÓS (sem exceção), iremos colher juntos o(s) fruto(s) da intolerância e falta de respeito. Essa é a única certeza que podemos ter.

Ainda falando de coluna, é bom lembrar, qualquer movimento brusco pode ser fatal. Não podemos ter pressa, paciência é o nome do remédio, boa conduta também. As recomendações médicas são repouso absoluto até que a inflamação aguda passe, muitas sessões de acupuntura, mudanças no comportamento (é preciso mudar a postura), alongamento ("Não há que ser forte, há que ser flexível") e fortalecimento interno. O fortalecimento interno é o que nos permite caminhar com segurança.

 É isso meus caros amigos, vamos refletir um pouco. Encerro minhas sinceras palavras com um pensamento de SAINT EXUPÉRY que gosto muito e nunca envelhece:

"Em minha civilização, aquele que for diferente de mim não me empobrecerá; ele me enriquecerá"

OBS: No que diz respeito à demolição da RESFRIADEIRA, porque não preservá-la e reformá-la, datando a construção, obra histórica e patrimônio da identidade local, assim como a Igreja, a casa da Dona Maria e o Armazém Francisco Quirino. QUEM VAI SOBRAR PARA CONTAR A HISTÓRIA?

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo" (Walter Franco)

Juliana Mello, fotógrafa e moradora na região desde 1987, também é Amiga de Mauá.

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